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Sementes da Destruição: O Agro-negócio e a Guerra Silenciosa pelo Controle da Alimentação Global

Por trás da promessa de modernização agrícola, um plano estratégico de multinacionais e organizações poderosas ameaça a soberania alimentar mundial e a saúde do planeta.

Investigadores e ativistas alertam para a existência de um plano estratégico, orquestrado por um grupo de multinacionais e organizações globais, com o objetivo de controlar o sistema alimentar global. Esse plano, denominado “agro-negócio”, visa transformar a produção de alimentos em um sistema altamente industrializado, dependente de sementes geneticamente modificadas (OGMs) e agrotóxicos, e dominado por um punhado de empresas.

A estratégia, segundo analistas como F. William Engdahl, autor do livro “Agronegócio: As sementes da destruição”, se baseia em uma série de táticas:

1. A Imposição de Modelos Agrícolas Industrializados:
Países em desenvolvimento, sob pressão econômica e militar, são incentivados a abandonar seus sistemas tradicionais de produção, como a agricultura familiar, e adotar modelos industrializados, com monoculturas e uso intensivo de agrotóxicos.

2. O Domínio das Sementes:
As multinacionais do agro-negócio, como Monsanto, Syngenta e Dupont, controlam a produção e a comercialização de sementes, incluindo OGMs. Essa concentração de poder permite a imposição de preços exorbitantes, dependência das empresas e a criação de um sistema de “propriedade intelectual” que limita o acesso a sementes tradicionais.

3. A Proliferação de Agrotóxicos:
O uso intensivo de agrotóxicos, muitos deles altamente tóxicos e persistentes no ambiente, é parte fundamental do modelo agro-industrial. Essa prática causa danos à saúde humana, contamina o solo e a água, e contribui para a perda da biodiversidade.

4. A Destruição da Diversidade Genética:
A substituição de sementes tradicionais por OGMs e a monocultura reduzem drasticamente a diversidade genética, tornando os sistemas agrícolas mais vulneráveis a pragas, doenças e mudanças climáticas.

5. O Controle das Cadeias de Produção e Distribuição:
As multinacionais controlam cada vez mais os processos de produção, transporte, armazenamento e distribuição de alimentos, aumentando seu poder de barganha e dificultando o acesso a alimentos saudáveis e acessíveis.

Impactos Devastadores:

Os impactos do agro-negócio são sentidos em diferentes níveis:

  • Perda da Soberania Alimentar: Os países dependem cada vez mais de importações, tornando-se vulneráveis a crises globais e à manipulação de preços por parte das multinacionais.

  • Desemprego e Desigualdade Social: A agricultura familiar, importante fonte de renda e empregos, é desestabilizada, levando ao desemprego e à migração para as cidades.

  • Degradação Ambiental: A monocultura, o uso de agrotóxicos e o desmatamento para expandir a agricultura industrial geram graves problemas ambientais, como a perda de biodiversidade, a poluição de rios e o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

  • Riscos para a Saúde: O uso excessivo de agrotóxicos aumenta o risco de doenças, mutações genéticas e problemas de saúde em trabalhadores e consumidores.

Um Chamado à Ação:

A crítica ao modelo do agro-negócio é crescente, com diversos movimentos sociais, organizações e pesquisadores buscando alternativas para a produção de alimentos. A defesa da agricultura familiar, a diversificação da produção, a promoção da agroecologia e o acesso à sementes livres de patentes são alguns dos pilares dessa luta. A construção de sistemas alimentares mais justos, sustentáveis e resilientes é um desafio urgente para a humanidade.

FOTO CAPA DO LIVRO: Agronegócio: as sementes da destruição. Do controle dos alimentos ao controle do mundo

FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas

( Reprodução autorizada mediante citação da fonte: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas )