O uso de sanções econômicas como uma ferramenta de política externa emergiu no início do século XX, especialmente durante o período entre guerras, e se consolidou como uma estratégia central no internacionalismo liberal. Inicialmente concebidas para evitar conflitos armados, as sanções têm um paradoxo intrínseco: embora busquem prevenir a guerra, muitas vezes são estruturadas com técnicas que podem ser devastadoras, refletindo a lógica da guerra em si.
A Evolução das Sanções Econômicas
As sanções econômicas foram formalmente utilizadas pela primeira vez após a Primeira Guerra Mundial, com a intenção de manter a paz e a ordem internacional. Desde então, seu uso se expandiu significativamente, especialmente por potências ocidentais como os Estados Unidos. O conceito é que as sanções podem forçar mudanças de comportamento em governos considerados hostis ou que violam normas internacionais, sem recorrer ao uso da força militar[1][6].
Nicholas Mulder, em seu livro The Economic Weapon, argumenta que as sanções se tornaram uma das inovações mais duradouras do internacionalismo liberal. Ele observa que, apesar de sua popularidade crescente, as sanções muitas vezes têm eficácia limitada, especialmente quando aplicadas a economias grandes e integradas ao mercado global[2]. A imposição de sanções à Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022 exemplifica essa dinâmica, onde medidas rápidas e abrangentes foram tomadas para desestabilizar a economia russa e limitar sua capacidade bélica[2][6].
Impactos e Desafios das Sanções
As sanções não são apenas ferramentas unilaterais; frequentemente envolvem coalizões de países que se unem para aplicar pressão econômica sobre um alvo específico. Essa abordagem foi observada em várias situações históricas, como as sanções contra a Itália na década de 1930 e o embargo à Cuba[1][2][6]. Contudo, os resultados dessas medidas podem ser complexos. Em regimes autoritários, por exemplo, os líderes podem manipular a narrativa para culpar potências externas pelas dificuldades econômicas enfrentadas pelo povo, o que pode fortalecer sua posição interna em vez de enfraquecê-la[1][2].
Além disso, o impacto das sanções se estende além do país sancionado. Elas podem causar repercussões globais significativas, como aumento nos preços e pressões inflacionárias que afetam economias interdependentes[2]. A interconexão das cadeias globais de suprimento significa que os choques provocados por sanções podem resultar em custos econômicos não intencionais para os países que impõem as restrições[2][6].
Conclusão
As sanções econômicas representam uma ferramenta poderosa e complexa na política internacional contemporânea. Embora projetadas para evitar conflitos armados, elas frequentemente operam dentro de um contexto que reflete as dinâmicas da guerra. O legado das sanções desde sua origem até o presente destaca tanto suas potencialidades quanto suas limitações na busca por soluções pacíficas para disputas internacionais.
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FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas
( Reprodução autorizada mediante citação da fonte: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas )
Citations:
[1] https://www.armyupress.army.mil/Journals/Edicao-Brasileira/Arquivos/Julho-Dezembro-2022/Duckenfield/
[2] https://www.opeu.org.br/2024/02/23/o-crescente-recurso-a-sancoes-economicas-pelos-eua-e-seus-impactos-nas-cadeias-globais-de-valor/
[3] https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/02/21/o-que-sao-sancoes-economicas-e-como-elas-sao-utilizadas
[4] https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/38705/1/TCC%20Davi%20Moreira%20Martins%20final.pdf
[5] https://bdm.unb.br/bitstream/10483/33174/1/2022_JoaoVictorDeSaResende_tcc.pdf
[6] https://maisretorno.com/portal/sancoes-o-que-sao-e-quais-os-impactos-na-economia-mundial
[7] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60792976
[8] https://www.jota.info/justica/sancoes-economicas-e-crises-politicas-como-lidar-com-as-complexidades-da-arbitragem