Como a China Ignorou os “Especialistas” e Deixou o Brasil Comendo Poeira.
Já ouviu aquela história de que para se desenvolver um país precisa privatizar tudo, abrir sua economia e cortar gastos públicos?
Pois é, a China não só ignorou essa receita como fez exatamente o contrário – e deu certo!
Enquanto o Brasil seguia obedientemente cada recomendação dos “especialistas” de Washington, a China construía suas próprias regras. Resultado? Em 40 anos, enquanto o Brasil patina com sua renda estagnada, a China se transformou em potência tecnológica global.
É hora de desmascarar a grande mentira do desenvolvimento econômico e entender por que seguir conselhos nem sempre é o melhor caminho.
O Manual que Nunca Funcionou
O famoso Consenso de Washington prometia desenvolvimento rápido através de uma receita simples:
- Privatize suas estatais
- Abra sua economia
- Corte gastos públicos
- Faça reformas liberalizantes
- Deixe o mercado trabalhar
O Brasil seguiu cada ponto religiosamente. E o resultado?
- 40 anos de estagnação
- Indústria destruída
- Dependência de commodities
- Atraso tecnológico crescente
A China que Disse “Não”
Enquanto isso, a China:
- Manteve e fortaleceu empresas estatais
- Protegeu seu mercado interno
- Investiu pesadamente em tecnologia
- Ignorou regras de propriedade intelectual
- Usou o Estado como motor do desenvolvimento
E os resultados?
- Domínio tecnológico global
- Industrialização maciça
- Crescimento exponencial
- Infraestrutura de ponta
Repare nesse gráfico. A China é a maior economia do mundo em paridade de poder de compra (PPP):
As Verdadeiras Regras do Jogo
O caso chinês expõe algumas verdades inconvenientes:
- Os países ricos não seguiram essas regras
- EUA e Inglaterra usaram protecionismo intensamente
- Alemanha e Japão tiveram forte intervenção estatal
- Coréia do Sul ignorou propriedade intelectual
- Desenvolvimento exige aprendizado tecnológico
- Não basta abrir mercados
- É preciso dominar tecnologias-chave
- Capacidade industrial é fundamental
- O Estado é crucial
- Planejamento de longo prazo
- Investimento em setores estratégicos
- Proteção de indústrias nascentes
Como a China Enganou os “Especialistas”
A genialidade da China foi:
- Fingir que seguiria as regras
- Usar o desejo ocidental por seu mercado
- Extrair tecnologia e conhecimento
- Construir capacidade própria
- Emergir como competidor global
O Brasil na Armadilha da Obediência
Enquanto isso, o Brasil:
- Privatizou estrategicamente errado
- Vendeu estatais para estatais estrangeiras
- Perdeu controle de setores-chave
- Destruiu capacidades tecnológicas
- Abriu economia sem estratégia
- Exposição súbita à competição
- Destruição de cadeias produtivas
- Especialização em commodities
- Seguiu todas as reformas sugeridas
- Trabalhista
- Previdenciária
- Fiscal
- Resultado: crescimento zero
A Verdade Nua e Crua
O Consenso de Washington nunca foi sobre desenvolvimento – foi sobre manter países em desenvolvimento “em seu lugar”. A China entendeu isso e jogou o jogo a seu favor.
Algumas verdades incômodas:
- Desenvolvimento exige desobediência estratégica
- Não existe desenvolvimento sem indústria
- Tecnologia é mais importante que equilíbrio fiscal
- Estado e mercado não são inimigos
Quem Segue Consenso, Fica Para Trás
Como diz o ditado popular: “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Os países ricos sempre souberam que as regras que pregam não são as que usaram para se desenvolver.
A China teve a ousadia de ignorar os “especialistas” e seguir seu próprio caminho. O Brasil, em sua obediência exemplar, ganhou tapinhas nas costas dos organismos internacionais – mas perdeu o bonde do desenvolvimento.
A pergunta que fica: até quando continuaremos acreditando em contos de fadas econômicos enquanto a realidade passa voando na nossa frente a 400 km/h em um trem-bala chinês?
AUTOR: Paulo Gala / Graduado em Economia pela FEA-USP | Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo | Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY | Autor com +10,000 cópias de livros vendidas | Geriu carteiras de +R$ 3,000,000,000 | Professor na FGV/SP há 20 anos.
FONTE: https://www.paulogala.com.br/