Associação Brasileira dos Jornalistas

Seja um associado da ABJ. Há 12 anos lutando pelos jornalistas

“China certamente comprará mais do Brasil”, diz analista chinês sobre guerra comercial lançada pelos EUA

No entanto, Wang Huiyao avalia que China e Estados Unidos devem ainda tentar negociações para evitar uma “guerra comercial que não é sustentável”.

247 – A escalada da disputa comercial entre China e Estados Unidos pode impulsionar ainda mais o comércio do Brasil com o gigante asiático. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Wang Huiyao, ex-conselheiro econômico do Conselho de Estado chinês e presidente do think tank Centro para China e Globalização (CCG), afirmou que Pequim está disposta a ampliar suas compras da América Latina, especialmente do Brasil, caso o impasse com Washington se prolongue.

“Se houver atrito comercial, a China certamente comprará mais do Brasil e da América Latina”, destacou Wang. A declaração vem após o governo dos EUA anunciar novas tarifas de 10% sobre produtos chineses. Em resposta, Pequim impôs taxas de 15% sobre carvão e gás e de 10% para petróleo e equipamentos agrícolas, além de controles sobre minerais estratégicos como tungstênio. As medidas, no entanto, só devem entrar em vigor na próxima semana, o que pode abrir espaço para negociações.

Para Wang, a decisão de Trump de aumentar as tarifas visa pressionar Pequim a voltar à mesa de negociações. “O presidente Trump quer usar as tarifas para chamar a atenção para a mesa de negociações”, afirmou. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, indicou que o líder americano pode conversar com o presidente chinês, Xi Jinping, ainda nesta semana.

O analista alerta, porém, que uma guerra comercial prolongada não é viável para nenhuma das potências. Segundo ele, a China prefere um “diálogo com todos os países” para evitar uma disputa econômica que não se sustenta a longo prazo.

O Brasil pode sair beneficiado desse cenário, uma vez que Pequim já vinha aumentando suas compras de commodities brasileiras, como soja, carne bovina e minério de ferro. Com a imposição de tarifas pelos EUA, a tendência é que a China busque diversificar ainda mais suas importações, favorecendo seus parceiros comerciais estratégicos.

Se os EUA mantiverem a política de tarifas agressivas, Pequim pode acelerar essa transição, fortalecendo laços comerciais com países latino-americanos. No entanto, o desfecho dessa disputa dependerá da capacidade de negociação entre as duas maiores economias do mundo. Caso um acordo não seja alcançado, o Brasil poderá emergir como um dos principais beneficiários da reconfiguração do comércio global.

FOTO: Wikimedia Commons

FONTE: https://www.brasil247.com/economia/china-certamente-comprara-mais-do-brasil-diz-analista-chines-sobre-guerra-comercial-lancada-pelos-eua