Pamela Silva pede justiça às vésperas do julgamento de Jorge Guaranho, acusado de matar o tesoureiro do PT em 2022.
247 – No dia 11 de fevereiro, o ex-policial penal Jorge José Guaranho enfrentará o Tribunal do Júri de Curitiba pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda. O crime, ocorrido em 9 de julho de 2022, gerou ampla repercussão nacional e internacional, evidenciando o crescimento da violência política no Brasil. A viúva da vítima, Pamela Silva, afirmou em entrevista ao programa Bom Dia, da TV 247, que espera que a justiça seja feita:
“O assassino está em casa, em prisão domiciliar. E nós estamos enfrentando toda essa dor. Ele matou uma pessoa boa, pai de quatro filhos, que vão sofrer para sempre a ausência do Marcelo. Não entra na minha cabeça o que ele fez, de invadir um local privado e matar um inocente. É um crime que de forma alguma pode ficar impune. Que finalmente seja feita justiça.”
Guaranho é acusado de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. O julgamento deveria ter ocorrido em Foz do Iguaçu, mas a defesa do réu solicitou a transferência para Curitiba, alegando possível “contaminação” do júri na cidade onde o crime ocorreu. Para Pamela, a mudança de foro foi uma tentativa de beneficiar o réu: “Nós da família não queríamos que isso acontecesse porque é aqui que aconteceu o crime. Quem tinha que julgar era a população de Foz do Iguaçu.”
A acusação, representada pelo Ministério Público do Paraná, sustenta que o crime teve motivação política. Câmeras de segurança registraram o momento em que Guaranho chegou ao local da festa, onde a vítima comemorava seu aniversário de 50 anos com uma decoração em homenagem ao Partido dos Trabalhadores. O réu teria gritado ofensas como “Lula ladrão” e “PT lixo”, antes de ser orientado a sair do local. Segundo Pamela, após receber a ordem para ir embora, Guaranho fez ameaças: “Ele saiu dizendo que ia voltar e matar todo mundo. E voltou.”
O crime aconteceu poucos minutos depois. Guaranho retornou sozinho e efetuou disparos contra Marcelo Arruda, que caiu ao chão. Mesmo ferido, a vítima revidou com tiros, mas não resistiu aos ferimentos. O laudo pericial revelou que o réu disparou várias vezes dentro do salão de festas, colocando em risco todos os convidados presentes. “O ódio político destruiu a minha família. Eu espero que os jurados olhem para os fatos, porque os fatos são claros. Foi um assassinato brutal, um ataque contra um homem que estava comemorando com a sua família. Nada justifica o que aconteceu”, disse Pamela.
A demora no julgamento também foi alvo de críticas por parte da viúva. O júri já foi adiado quatro vezes, e Guaranho permaneceu recebendo salário do governo federal por mais de um ano após o crime. Sua exoneração ocorreu apenas em março de 2023, por determinação do então ministro da Justiça Ricardo Lewandowski. Atualmente, o réu está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica. “Ele matou e passou mais de um ano ainda vinculado à União. O que nos resta é lutar pela condenação dele e garantir que um crime tão absurdo como esse não fique impune”, afirmou Pamela.
O julgamento será conduzido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba, e pode durar mais de um dia. O conselho de sentença será formado por jurados sorteados, que decidirão o destino do réu após a exposição dos argumentos da acusação e da defesa.
Para Pamela, o julgamento de Guaranho vai além da sua dor pessoal: “A sociedade de Curitiba vai olhar para nós, olhar para o caso do Marcelo e dizer: ‘Não, eles não mereciam passar por isso’. Nós vamos condenar o Jorge Guaranho à prisão porque ele precisa repensar no que fez, ele precisa pagar pelo que fez.” Assista:
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FONTE: https://www.brasil247.com/entrevistas/ele-matou-um-pai-de-familia-e-precisa-pagar-pelo-que-fez-diz-viuva-de-marcelo-arruda