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“Mais cooperação e menos pequenos quintais com muros altos”: confira o discurso de Xi Jinping no G20

Líder chinês discursou na 1ª Sessão da Cúpula nesta segunda-feira, na qual foi lançada a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza pelo presidente Lula.

Discurso do S.E. Xi Jinping, Presidente da República Popular da China, Sobre Combate à Fome e à Pobreza, Na I Sessão da 19ª Cúpula do G20 – Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2024:

Sua Excelência o Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,

Colegas,

É uma grande satisfação participar da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Agradeço ao Presidente Lula e ao governo do Brasil pela acolhida calorosa concedida à delegação chinesa.

Atualmente, transformação de escala nunca vista em um século está acelerando em todo o mundo, e a humanidade enfrenta oportunidades e desafios sem precedentes. Como líderes dos principais países, não podemos deixar que a nossa visão seja bloqueada pelas nuvens. Temos que ver o mundo como uma comunidade com futuro compartilhado, e assumir as responsabilidades pela história, tomar iniciativa histórica e levar adiante a história.

Apontei neste fórum que a prosperidade e a estabilidade não seriam possíveis em um mundo onde os ricos passam a ser mais ricos enquanto os pobres passam a ser mais pobres, e os países devem tornar o desenvolvimento global mais inclusivo, benéfico para todos e mais resiliente. Na Cúpula em Hangzhou, a China colocou o desenvolvimento pela primeira vez no centro da coordenação das políticas macroeconômicas do G20, e a Cúpula adotou o Plano de Ação do G20 sobre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a Iniciativa do G20 sobre o Apoio à Industrialização na África e nos Países Menos Desenvolvidos (PMDs). A Cúpula no Rio este ano escolheu “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” como o seu lema, coloca o “combate à fome e à pobreza” no topo da agenda e decidiu criar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. De Hangzhou ao Rio, vimos trabalhando para uma mesma meta, isto é, construir um mundo justo de desenvolvimento comum.

Para construir um mundo assim, precisamos canalizar mais recursos às áreas como comércio, investimento e cooperação de desenvolvimento e fortalecer instituições de desenvolvimento. Tem que haver mais pontes de cooperação e menos “pequeno quintal, muros altos”, para que cada vez mais países em desenvolvimento tenham vida melhor e alcancem modernização.

Para construir um mundo assim, precisamos apoiar os países em desenvolvimento a adotar produção e estilo de vida sustentáveis e dar resposta adequada aos desafios como mudanças climáticas, perda da biodiversidade e poluição ambiental, destacando a conservação ecológica e a harmonia entre o homem e a natureza.

Para construir um mundo assim, precisamos criar um ambiente aberto, inclusivo e não discriminatório para a cooperação econômica internacional. Devemos promover uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva, energizar o desenvolvimento sustentável com novas tecnologias, novas indústrias e novas formas de negócios, e apoiar os países em desenvolvimento a se integrar melhor ao desenvolvimento digital, inteligente e verde e diminuir o fosso entre o Sul e o Norte.

Para construir um mundo assim, precisamos persistir no multilateralismo. Devemos defender o sistema internacional centrado nas Nações Unidas, a ordem internacional alicerçada no direito internacional, e as normas básicas das relações internacionais que se baseiam nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas.

Colegas!

O desenvolvimento da China é uma parte importante do desenvolvimento comum do mundo. Temos tirado 800 milhões de pessoas da pobreza, e atingimos com antecedência o objetivo de redução da pobreza estabelecida na Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Essa conquista não caiu do céu. É fruto dos esforços conjuntos e árduos do governo e povo chineses. Em tudo o que a China faz, o povo é sempre colocado no centro. A China declarou solenemente que “nenhuma região ou indivíduo pobre deve ser deixado para trás”. Para tratar a pobreza, elaboramos políticas direcionadas que se adaptam a cada aldeia, família e pessoa. Facilitamos o crescimento econômico através de canalizar vigorosamente recursos humanos, financeiros e tecnológicos a regiões menos desenvolvidas. Ajudamos as localidades a realizar crescimento por reforçar as indústrias com características distintivas e melhorar a infraestrutura à luz das suas próprias condições. Promovemos a prosperidade comum através de criar pares entre regiões ricas e regiões menos desenvolvidas. Eu tenho trabalhado de aldeia para distrito, município, província e nível central. O alívio da pobreza é sempre uma prioridade e uma grande tarefa que estou determinado a completar.

A história do alívio da pobreza da China prova que os países em desenvolvimento podem eliminar a pobreza, que um pássaro mais fraco pode começar cedo e voar alto, uma vez que tenha resiliência, perseverança e espírito de luta, que água mole pode furar pedra dura, e que planejamentos podem ser tornados em realidade. Conseguiu a China, conseguem os outros países em desenvolvimento. Eis o que significa o combate à pobreza da China para o mundo.

Colegas!

A China é sempre um membro do Sul Global, um parceiro confiável de longo prazo para os países em desenvolvimento e um praticante e empreendedor que trabalha para a causa do desenvolvimento global. Uma só flor não faz a primavera. A China quer ver o desabrochamento de centenas de flores e avançar de mãos dadas com os outros países em desenvolvimento rumo à modernização. Hoje, gostaria de delinear as oito ações da China para apoiar o desenvolvimento global.

Primeiro, promover a cooperação Cinturão e Rota de alta qualidade. Com as janelas de financiamento recém-criadas de RMB700 bilhões de yuan, bem como o Fundo da Rota da Seda com um aporte adicional de RMB80 bilhões de yuan, a China segue construindo a rede multidimensional de conectividade Cinturão e Rota que é orientada para a construção da Rota da Seda verde e empoderamento da Rota da Seda digital.

Segundo, implementar a Iniciativa para o Desenvolvimento Global. Com base em mais de 1.100 projetos de desenvolvimento já em funcionamento, vamos garantir que o centro de pesquisa do Sul Global em construção funcionará como planejado, continuar fazendo bom uso de fundos de desenvolvimento de US$20 bilhões para apoiar os países em desenvolvimento e aprofundar a cooperação prática nas áreas como redução da pobreza, segurança alimentar e economia digital.

Terceiro, apoiar o desenvolvimento na África. Na Cimeira do Fórum de Cooperação China-África nesse setembro, anunciei dez ações de parceria para promover de mãos dadas com a África a modernização nos próximos três anos, bem como o apoio financeiro de RMB360 bilhões de yuan para o efeito.

Quarto, apoiar a cooperação internacional na redução da pobreza e segurança alimentar. A China decidiu aderir à “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, e apoia o G20 a seguir convocando a Reunião Ministerial de Desenvolvimento. Continuaremos comprometidos com a sediação da Conferência Internacional sobre Perda de Alimentos e Desperdício.

Quinto, a China, junto com o Brasil, a África do Sul e a União Africana, está propondo uma Iniciativa sobre Cooperação Internacional na Ciência Aberta para ajudar o Sul Global a ter melhor acesso a avanços globais em ciência, tecnologia e inovação.

Sexto, apoiar o G20 a levar a cabo cooperação prática para o benefício do Sul Global, fazer bom uso dos resultados como o Roteiro para Aumentar Investimento em Energia Limpa em Países em Desenvolvimento e os Princípios de Alto Nível sobre a Bioeconomia. A China apoia os trabalhos do Centro de Pesquisa do Empreendedorismo sobre as Economias do G20 com sede em Beijing, e apoia a cooperação na educação digital e a digitalização de museus e arquivos antigos.

Sétimo, implementar o Plano de Ação Anticorrupção do G20. Estamos fortalecendo a cooperação com outros países em desenvolvimento nas áreas como repatriação de fugitivos, recuperação de ativos, negação do refúgio de corrupção e capacitação anticorrupção.

Oitavo, a China está aprimorando a abertura de alto padrão e unilateralmente ampliando a abertura aos PMDs. A China anunciou a decisão de oferecer a todos os PMDs que têm relações diplomáticas com a China o tratamento de taxas alfandegárias zero para 100 por cento dos produtos desses países. De agora a 2030, as importações da China dos outros países em desenvolvimento ultrapassarão, provavelmente, US$8 trilhões.

Colegas,

Os chineses costumam dizer que “Uma jornada de mil quilômetros começa com o primeiro passo.” A China está pronta a dar passos junto com todas as partes para construir um mundo justo de desenvolvimento comum, deixar a pobreza no passado e transformar a nossa visão em realidade.

Obrigado!

Foto: Ricardo Stuckert / PR

FONTE: https://www.brasil247.com/mundo/mais-cooperacao-e-menos-pequenos-quintais-com-muros-altos-confira-o-discurso-de-xi-jinping-no-g20