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Plano imperialista para consumar o golpe contra a Venezuela

“O verdadeiro interesse deles não é defender a democracia ou os direitos humanos”.

Nada do que aconteceu e acontecerá na Venezuela nos próximos dias é casualidade.

Um exemplo disso é o dossiê de Mark Feierstein, no qual ele revela os planos que os Estados Unidos têm para as eleições presidenciais de 28 de julho.

Feierstein, que foi funcionário do Departamento de Estado, da USAID e do Instituto Democrático Nacional, foi um ator-chave na guerra suja contra os sandinistas na Nicarágua nos anos 90, no golpe de Estado contra Fernando Lugo no Paraguai e na criação do conhecido plano estratégico venezuelano para desestabilizar ao governo de Nicolás Maduro desde que ele se tornou presidente em 2003.

Agora esse personagem apresenta uma espécie de roteiro para tirar Maduro do poder.

Neste documento de 7 páginas, Feierstein revela e confirma diversas coisas. Por exemplo, ele admite que a unificação da extrema direita venezuelana é uma estratégia dos EUA.

Que Washington chantageia o governo venezuelano com as sanções que são aplicadas contra o país. E que sua intenção é levar aos governos da Europa, da Colômbia e do Brasil a pressionarem, antes e depois das eleições de 28 de julho.

Por sua vez, Feierstein revela a intenção dos Estados Unidos de penetrarem no Conselho Nacional Eleitoral. Diz que, para Washington, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, parece um obstáculo.

E é por isso que promovem outros cargos semelhantes na região para influenciar os reitores da CNE.

Ele revela também o grande interesse dos Estados Unidos em penetrar nas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, para que os militares se alinhem com a extrema direita e ignorem quaisquer apelos das autoridades para manter a ordem jurídica e a paz nas ruas. Caso a oposição recorra a ações violentas, se os resultados não a favorecerem.

Neste ponto, Feierstein reconhece que, uma vez que os EUA não são os mais adequados para influenciar nas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, estão planejando que outros países da região o façam.

Para 28 de julho, Feierstein sugere que o plano é que a oposição receba cópias dos registros de votação. E, com eles, faça uma contagem rápida e proclame o vencedor antes dos resultados apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral.

Indica também que a publicação dos seus resultados deverá ser acompanhada imediatamente de declarações públicas de reconhecimento.

Já o responsável pela campanha do chavismo, Jorge Rodríguez, denunciou que a extrema-direita instalará um centro de operações em Miami para ignorar os resultados oficiais.

Por sua vez, Feierstein indica que, caso haja algum atraso por parte da CNE na contagem dos votos, Washington activará uma enxurrada de condenações internacionais. E que a imagem de Lula poderia ser especialmente eficaz nessa fase.

E que além disso, nesse dia, farão declarações públicas e enviarão comunicações privadas ao CNE e às Forças Armadas para tentar persuadi-los de que estejam do seu lado, apoiando o resultado oferecido pelos Estados Unidos.

Diz também que, assim como María Corina Machado, não tem credibilidade nas Forças Armadas por sua retórica intransigente, a Colômbia e o Brasil poderiam ajudar a atingir este objetivo.

Já no final do documento, Feiersteine diz que os Estados Unidos, para consumar a tomada do poder na Venezuela, independentemente do resultado eleitoral, estão dispostos a avaliar a possibilidade de oferecer a Nicolás Maduro e ao alto comando político e militar que concordem em deixar o poder em troca de não serem levados para a prisão.

Uma mensagem que, aliás, foi bastante repetida nesta última semana pela extrema direita.

Feiersteine assegura que isso valeria a pena para, supostamente, restaurar a democracia na Venezuela.

Mas, na realidade, reconhece que se trata de cumprir três objetivos de Washington: garantir-lhes o fornecimento barato de energia da Venezuela, reduzir a migração de venezuelanos para os Estados Unidos e privar os adversários dos Estados Unidos de terem um parceiro chave na América Latina.

Em conclusão, este manual evidencia que nem as operações midiáticas e psicológicas, nem os pronunciamentos de mandatários da região, nem o interesse excessivo das últimas semanas para impor números de pesquisas também não são casualidades.

Tudo isso faz parte de um plano de derrubada premeditado. Porque o verdadeiro interesse deles não é defender a democracia ou os direitos humanos, ou políticos, mas tirar do caminho a qualquer um que atrapalhe o seu plano confesso de assumir o controle de todos os recursos naturais da América Latina.

Entre eles, o petróleo venezuelano. As maiores reservas certificadas do mundo.

Link do vídeo: https://www.dailymotion.com/video/x94cbe2

Tradução ao português e legendas:

JAIR DE SOUZA

Foto: Telesur

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/plano-imperialista-para-consumar-o-golpe-contra-a-venezuela