As queimadas no Brasil, especialmente na Amazônia, têm gerado um intenso debate sobre suas causas e consequências. O fenômeno, frequentemente atribuído a mudanças climáticas e práticas agrícolas, pode ser interpretado sob uma perspectiva mais complexa: a de uma guerra híbrida disfarçada. Essa abordagem sugere que as queimadas não são apenas um resultado de ações humanas em busca de lucro, mas também uma estratégia deliberada inserida em um contexto mais amplo de conflitos geopolíticos e sociais.
Queimadas e Guerra Híbrida
A noção de guerra híbrida refere-se a um tipo de conflito que combina elementos de guerra convencional e não convencional, onde as fronteiras entre a política e a militarização se tornam indistintas. No Brasil, as queimadas podem ser vistas como um componente dessa estratégia, onde a destruição ambiental serve a múltiplos propósitos: desestabilização social, controle territorial e manipulação da opinião pública.
Luciana Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirma categoricamente que “não existe fogo natural em época de seca”. Segundo ela, os incêndios no Brasil são criminosos e precisam ser investigados com urgência. Gatti destaca que a seca prolongada não é a principal culpada pela alta de queimadas, mas sim a ação criminosa em campo. Essa afirmação reforça a ideia de que as queimadas são frequentemente intencionais e não meramente um resultado das condições climáticas.
O Papel das Instituições
As instituições governamentais têm um papel ambíguo nesse cenário. Por um lado, há esforços para controlar as queimadas e proteger o meio ambiente; por outro lado, políticas que incentivam a exploração da terra muitas vezes prevalecem. A Operação Verde Brasil, por exemplo, foi uma resposta militar às queimadas, mas também levantou questões sobre o uso excessivo da força e a militarização de questões ambientais.
Além disso, o desmonte das instituições reguladoras e ambientais no Brasil tem contribuído para um ambiente propício à exploração desenfreada dos recursos naturais. Essa erosão institucional pode ser vista como parte de uma estratégia mais ampla que visa criar um estado de caos controlado, onde interesses econômicos podem prosperar sem supervisão adequada.
Consequências Sociais e Ambientais
As consequências das queimadas são devastadoras não apenas para o meio ambiente, mas também para as comunidades locais. O aumento da poluição do ar e a perda de biodiversidade afetam diretamente a saúde pública e os modos de vida tradicionais. Além disso, as tensões sociais aumentam à medida que comunidades indígenas e ribeirinhas lutam contra a invasão de suas terras por atividades ilegais.
A guerra híbrida disfarçada de mudanças climáticas também se manifesta na forma como os grupos sociais são mobilizados ou silenciados. Movimentos sociais que defendem a proteção ambiental enfrentam repressão e deslegitimação, enquanto narrativas que favorecem o agronegócio ganham destaque na mídia.
Conclusão
As queimadas no Brasil não podem ser compreendidas apenas como um fenômeno ambiental isolado; elas são parte de um complexo quadro geopolítico e social que reflete uma guerra híbrida em curso. A necessidade urgente é de uma análise crítica que vá além das explicações simplistas sobre mudanças climáticas e reconheça as dinâmicas de poder envolvidas. Para enfrentar essa crise, é fundamental fortalecer as instituições ambientais, promover a transparência nas políticas públicas e garantir os direitos das comunidades afetadas. Somente assim será possível mitigar os impactos das queimadas e proteger o patrimônio natural do Brasil.
FOTO: CAPA VIDEO TV FORUM
FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas
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